segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Drama de pernambucana é exibido na Universidade de Harvard

Documentário sobre o drama vivido pela pernambucana Severina, na sua luta pelo direito a abortar um feto sem cérebro, foi exibido na escola de direito da universidade de Harvard, MA nos Estados Unidos, na noite de terça-feira (08 de nov. 2011).
“Uma História Severina”, de autoria de Débora Diniz e Eliane Brum, narra a dolorosa peregrinação de Severina, moradora de Chã Grande, no interior de Pernambuco, em busca do direito de abortar o feto sem cérebro que carregava no útero. No dia em que o Supremo cancelou o direito ao aborto, Severina estava internada num hospital para interromper a gravidez de quatro meses. A cirurgia então foi cancelada – e começou a via-crúcis de Severina e seu marido, Rosivaldo.
“É muito importante que a comunidade de Harvard pense sobre o aborto de uma forma mais sutil”, disse Lisa M. Kelly, estudante de doutorado da escola de direito e organizadora do evento. “A Política de aborto tem impacto real na vida das pessoas e é muitas vezes uma questão mais complexa que nosso debate sugere”.
Os organizadores disseram que desejaram apresentar um debate que tratasse do aborto de vários ângulos.  A diretora do documentário, Débora Diniz (Anis), que também é professora de bioética na Universidade de Brasília, participou do debate. Ela disse que “Severina é humana, ela não é uma tese feminista. Isso nos permite ter uma conexão com ela”.
A professora de direito Jeannie C. Y. Suk, que fez parte do debate, disse que o filme enfatiza a improvisação e incerteza que mulheres como Severina encontram. “Existe uma ambiguidade intensa sobre o que está acontecendo”, disse Jeannie sobre o parto de Severina. “É um nascimento ou uma morte?”.
Kate M. Aizpuru, membro do conselho de Estudantes de Direito de Harvard para Reprodutiva Justiça, disse que o documentário destacou a complexidade da questão de maneira bastante efetiva:
“Eu acho que é muito importante mostrar que em geral, a mulher casada também faz abortos, especialmente nos EUA onde existe um estigma que são apenas as solteiras que fazem abortos”, disse.
Abaixo o documentário de aproximadamente 23 min. (2005)
Ficha técnica: Direção e Roteiro Debora Diniz e Eliane Brum | Direção de Produção Fabiana Paranhos |Edição Ramon Navarro | Finalização Ramon Abreu | Direção de Arte Ramon Navarro | Xilogravuras e Cordel J.Borges | Música-tema “A Semente da Dor e Sofrimento”, de Mocinha de Passira. O filme foi legendado para o Português, Espanhol, Inglês, Francês, Italiano, Japonês e Dinamarquês. Sinopse: Severina é uma mulher que teve a vida alterada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Ela estava internada em um hospital do Recife com um feto sem cérebro dentro da barriga, em 20 de outubro de 2004. No dia seguinte, começaria o processo de interrupção da gestação. Nesta mesma data, os ministros derrubaram a liminar que permitia que mulheres como Severina antecipassem o parto quando o bebê fosse incompatível com a vida. Severina, mulher pobre do interior de Pernambuco, deixou o hospital com sua barriga e sua tragédia. E começou uma peregrinação por um Brasil que era feito terra estrangeira – o da Justiça para os analfabetos. Neste mundo de papéis indecifráveis, Severina e seu marido Rosivaldo, lavradores de brócolis em terra emprestada, passaram três meses de idas, vindas e desentendidos até conseguirem autorização judicial. Não era o fim. Severina precisou enfrentar então um outro mundo, não menos inóspito: o da Medicina para os pobres. Quando finalmente Severina venceu, por teimosia, vieram as dores de um parto sem sentido, vividas entre choros de bebês com futuro. E o reconhecimento de um filho que era dela, mas que já vinha morto. A história desta mãe severina termina não com o berço, mas em um minúsculo caixão branco

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